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Mostrando postagens de 2017

Sobre escrever

A primeira coisa que me vem à mente quando penso sobre o porquê de escrever é o sentimento de angústia. É esse sentimento de angúsita o responsável pelo exercício da escrita. Não diria, entretanto, que escrever seja uma arte angustiante. Afinal, coisas de conteúdo muito pródigo podem advir com a escrita também. Falo apenas do fato que aquele que escreve (que nem sempre é escritor) tem em si algo entalado na garganta, apertando o peito e que lhe motiva impreterivelmente a escrever. A arte da escrita, para mim, é consolidada na resolução da angústia. Sim: a angústia é um quebra-cabeça cujas peças você tarda a encaixar. E esse tardar, essa sensação de perda de tempo que a demora causa começa a se dissipar quando a explanação ocorre de modo fluido e, principalmente, honesto. A escrita é a angustiante saga para correr contra o tempo em solucionar questões da alma, questões que você quer e precisa explanar para si mesmo, pra entender de outra visão como também para dimensionar suas causas.

Não chore, homem!

Que mundo é esse, vó, em que a gente tem que fingir que não sente nada pelo que o outro nos causa? Que mundo é esse onde a afeição é apedrejada e a apatia rejubilada? Onde estão os nossos semelhantes, vovó? Pra que se viver num mundo assim, vovó? Por que falar de amor virou algo tão censurável? A partir de quando esse mundo, vovó, se tornou um lugar tão horrível de se viver? Quero voltar, quero fugir, quero sair daqui! Lugar qualquer onde sentir não seja um defeito e sim uma qualidade. Eu não mereço isso daqui, vó! Por que as pessoas se orgulham em ser opacas, se há tanto mais a se ver com a translucidez!? Essas pessoas estão magoadas? Quem foi capaz de fazer tanto mal a elas a ponto de as tornar assim, tão desumanas? Vovó, como a gente faz para desconstruir esse ciclo? Como convencer que atenção, respeito e afeto são mais valiosos do que insensibilidade, secura e empáfia? Vamos reverter essas pessoas, vovó! Ai, vovó, acho que me atingiram também. E é tristeza. É tristeza que esse

Vida diet

Com a maturidade batendo à porta, novas questões vão se estruturando. Problemas novos com velhas roupagens dramáticas ainda desfilam na passarela. Os holofotes só mudam de cor, mas a sensação – embora pensemos ser distintas – ainda continua sendo a mesma. A dor continua sendo dor. A lágrima continua aliviando. O que muda com a maturidade, talvez, seja a percepção. E é justamente essas novas percepções, essas novas maneiras de vermos a vida que nos levantam essas novas questões. Eis que me deparo com uma situação completamente nova e, acredito, relevante em tempos de tanta reflexão. Questiono-me sobre até onde é necessário sermos pragmáticos com nossas vidas. Quão previsível nós ficamos? Ou quão instável nos tornaríamos sem o pragmatismo? Habita em mim um questionamento que de tão incômodo não consigo parar de lhe repetir, dedicando-lhe até um extenso período composto. Cheguei a um ponto que me questiono sobre o valor e o preço da disciplina. Quanto vou gastar de vida perdida e sem