Pular para o conteúdo principal

Postagens

Mostrando postagens de 2010

Fuio.

Foi-se como quem dorme bem. Não que lhe atribui a morte plácida, mas sim a morte simples. O ponto final da reticência que sua vida lentamente escrevia. Talvez estivesse contente afinal, contudo seu rosto era inexpressivo. Era intrigante porque o corpo estava todo contorcido. Parecia-se um feto com um rosto cor de geleia. Os olhos estufados alegavam nada além de que seu rosto coisa alguma avistava. Conclui-se que a dor era só dor emancipada. Separada e impregnada no corpo, mas não na alma. Olhos de felicidade? Já não se havia brilho para afirmar. Quem sabe olhos de completude, porém não de dever cumprido: como foi dito: o ponto final da reticência: um fim da vida já terminada. Mudou-se para aquela cova retangular um mês depois que sua mulher o dispensara. Passou o mês entre a vida familiar e a cova familiar numa pousada um andar acima de um boteco freqüentado por putas e velhacos viciados em craque. Experimentou craque e gays um dia, todavia se enfadou. Cansou-se porque não se viu f

Paixões.

Primeiras paixões. Ah, as primeiras paixões! Tudo se torna tão belo! Os dias são eficazmente mais brilhantes. Aquela prova de química? Foi 3, mas valeu como um 10! Nas primeiras paixões tudo é assim: mais bonito. Inédito, pra dizer a verdade. Inédito porque é algo completamente novo contemplar a beleza da vida comum por esses olhos ardentes. Ah, as primeiras paixões! É também nas primeiras paixões que queremos compartilhar as primaveras. “Mandar flores ao delegado, bater na porta do vizinho e desejar bom dia, beijar o português da padaria” e tudo o mais pra que todos reflitam do mesmo modo os fótons amorosos do nosso farol ocular. Queremos tanto esse mundo perfeito que até nos iludimos pensando que nos subjugaríamos para que o mundo fosse cada vez mais cintilante quanto nossos olhares. É a tentativa de perdurar o gozo infinitamente efêmero dos suspiros do ‘eu te amo’. É lindo! Não disserto para não-apaixonados, porque se já é difícil expor uma ideia, imagina transpassa-lá para pesso

Dar uma volta.

Bebê, vamos nos ver hoje? Acho que vou mandar isso, afinal, não perco nada se ela não quiser sair comigo hoje. Aliás, eu perco: não terei com quem gastar camisinha. Tenho que escrever algo arrebatador, algo que não lhe dê escapatória a não ser entrar no meu carro e ter um leito de prazeres dispendiosos. Gostosa, vamos trepar agora? Nunca! Que mulher gostaria de ser tratada assim? Todas, mas hipocritamente negam. Princesa , ou melhor, Princesinha — elas sempre cedem aos diminutivos. Princesinha, vamos trepar agora? Ainda está agressivo. Já sei: vou mudar a intenção. Princesinha, quer tomar Milk shake? Milk shake? Não! Ela, por certo, vai pensar em como eu queria que ela sugasse o canudinho até o fim do leite cremoso do copázio. Deixe-me pensar. Por que ela gosta tanto de ser chamada de princesa? Ela é nobre, linda e inacessível e para poder ter-lhe em meus braços tenho que ralar muito, assim como Aladin e Jasmine. Isso: Aladin! E o meu carro é o tapete mágico... Princes

A amada professora.

— Com licença, professora, eu poderia assinar a lista de chamada? — A aula já acabou. — Eu sei, professora, mas o que é que custa? — Lógico que não. Eu tenho uma reputação a zelar! — E eu um relacionamento a manter! — ... — Hoje é o aniversário de 3 anos de namoro, então tive de... — Desculpe interromper, mas não vai dar. Isso não é motivo! — Não é motivo? Você parece minha namorada. Nada para ela é motivo. — Viu como anda a sua reputação? — Não, professora. Você não entendeu: ela nunca compreende o meu lado, tal qual você agora. — Agora e há duas semanas consecutivas. — Acho que vocês duas sentem prazer ao me ver assim, humilhado. — Como é? — Aliás, digo que a senhora parece com ela, mas cada qual é única, eu sei, e não tem como responderem da mesma forma a um mesmo estímulo et cetera e tal. Porém, a senhora é bem mais coerente e, absolutamente, mais inteligente. Porque a senhora me detesta por justa causa. Ela, não. Você acredita que ela estava cogitando m

Mereço

Eu sou a raiva em tempo de paz. Eu sou o amor do satanás. Sou a canção de rima errada. Sou sempre sim e nunca nada. Sou o décimo terceiro ponteiro. Sou um jabuti ligeiro. Sou o email do carteiro Sou o 30 de fevereiro. Sou de gala e roupa rota. Sou do deserto uma gota. Sou uma palha no incêndio, folha vazia do compêndio. Sou o rico de bucho seco. Da flor sou o esterco. Sou um pássaro de pelo, a alegria de um pesadelo. Eu sou assim, o bom que é ruim, o contrário do avesso. Eu sou o que eu mereço.

Negócio da China.

— O que é castrado? — Por que a pergunta, Júnior? — replicou o pai. — Vi hoje na TV que os gatos de rua tinham que ser castrados. Aí eu não sabia o que significava. — Ah... É o seguinte, Júnior: os gatos de rua transmitem doenças a nós. Para que eles não se procriem, se faz, então, sua castração. Deixando-os castrados. — E isso é ruim? — O quê? — Eles se procriarem. — Procriar é se reproduzir. É passar adiante a herança genética da família. Como eu posso dizer? É ter filhos, entende? — Para que mais pessoas não peguem doenças dos gatos! — Isso mesmo! — Ah, bom... Cacazinho era filho de Castro e Teresa Canavarro. Sua alcunha veio da aglutinação de Castro Canavarro de Oliveira Júnior, dada com muito carinho pela sua mãe, que, por sua vez, atribuiu à forma caprichosa que seu sogro chamava o marido, Cacá. Por muita paixão e dedicação ao lar, ambos — Castro e Teresa — logo entraram em acordo que aquilo que se expandia no ventre de Teresa haveria de se eternizar com o

Oun.

— Alô, amor? — Oi. — Tá fazendo o quê? — Estudando. — Tá chatinha, heim? — ... — ... — Ei, a gente está namorando? — Por que a pergunta? — Porque eu não me vejo namorando ninguém. Porque eu sinto que você me usa como um analgésico, que só quando a dor da solidão bate, você me procura. — Hã!? Por que isso de novo agora? — Agora? É bom enquanto é cedo! Não sei se quero isso, sabe? Está uma inconstância que só tende a piorar. Você não me dá a mínima e estou sofrendo com isso. Se lhe alimenta o ego: estou sofrendo por você! E acho que namorar não é sofrimento. Não passa nem perto disso. — Não entendo o porquê disso. Eu não estou fazendo nada! — Exatamente, Júnior: você não faz nada! — Mas o que eu estou fazendo agora? Eu te ligo, não ligo? — ... — ... — Tem uns fantasmas seus que me azucrinam, sabe? — Tipo o quê? — Sua ex, seus segredinhos com seus amiguinhos, sua falta de tempo. Tem muitas coisas que não eram pra ser assim. Porra, eu gosto muito de vo

Mosca

Faço e desfaço fácil. Minto e me meto muito. Leio e leciono louco. Peço e pareço porco.

Dá um tempo! (parte 6)

Parte 5 | Parte 4 | Parte 3 | Parte 2 | Parte 1 — Moça, o cardápio, por favor. José e Marcelo entraram em acordo que — agora milionários — só iriam usufruir do bom e do melhor, tanto que dessa vez chegaram até a pedir o menu . Inicialmente, eles pensavam em absinto, contudo, como no PUB a que eles foram não servia ao tom dos seus requintes, resolveram experimentar uísque. O critério de escolha etílica se baseava no preço e assim pediram doses (sem gelo) de um uísque cujo nome e cifra eram os mais destoantes do lugar. Seus olhos arderam, tais quais suas bocas e esôfagos. Eles não sabiam sequer que uísques não eram adocicados, mas, mesmo assim, sorveram aquele volumoso gole hídrico de quem acordou após uma noite inteira de uísque à bebericadas. Sob aquela cara de semi-cãibra acompanhado de um sussurro diabólico como voz, Marcelo comentou com o outro: — Uma delícia! — É. Uma delícia... — Mas? — Estive pensando: há um dia atrás não teríamos modos de pagar a conta. — Sem

Dá um tempo! (parte 5)

Parte 4 | Parte 3 | Parte 2 | Parte 1 Um castelo em Miami? Uma viagem pelo mundo? Um Dodge? Investir na bolsa? Calvin Klein? Ou Dolce Gabbana? Sempre se passa pela cabeça comprarmos coisas se, de uma hora para outra, ficássemos milionários. Nas espaçosas mentes de José e Marcelo também ecoavam esses pensamentos. O que talvez não passe na mente de muita gente é o que fazer no exato momento em que sua conta sai do cheque especial e ultrapassa em 30.000.000 % o valor que você ganha por mês. Os nossos sortudos protagonistas já ciscaram, cacarejaram e até puseram ovos ao telefone, mas e agora? O que fazer? Às 21h16 as lotéricas não lhes avultariam os bolsos. Contudo era preciso comemorar! Trancafiar com cofres de diamantes o tremendo fardo que suas vidas pobres eram. Seu time ganhou? Acabou o namoro? Ou está desejando aquela deusa? Raiva ou desespero? Não importam os motivos da guerra, beber ainda é mais importante, dizia um velho e embriagado cabeludo. Para aquela dupla, no entant

Dá um tempo! (parte 4)

Parte 3 | Parte 2 | Parte 1 Como um ioiô, seu desânimo se projetou nesse instante nas mansões e alegrias que aquele gelado pedaço de papel lhe proporcionaria. José contou para a mãe de Marcelo ao telefone que havia encontrado o agora então bendito bilhete da mega-sena. Magicamente tudo tomara novos ares: José, extasiado; Marcelo — que até o momento só repetia xingamentos — entorpecido; e sua família reacendera o frustrado pavio dos foguetões. Só havia, entretanto, uma pessoa que permanecia inabalável com os possíveis zeros somados aos três da sua caderneta de poupanças. Alto lá, você que pensou que fosse aquele tio canastrão e aproveitador que logo logo levaria um pé na bunda! A pessoa era a mãe de Marcelo que, ao ver aquele velório metamorfosear-se em epifania, não ligou se um talibã morrera e disparou: — Vocês já conferiram os números? Outra vez o cenário mudava. A casa de Marcelo parecia o Globo Repórter em dia de retrospectiva. Não só pela miscelânea de notícias marcantes

Dá um tempo! (parte 3)

Parte 2 | Parte 1 José foi correndo até a carteira para ver se o sagrado bilhete da Mega-sena estava lá. Ele já podia se sentir andando dentro de uma Ferrari amarela quando alcançou o objeto com seus anéis de ouro. Abriu-a. — Cadê? Cadê? Cadê? Cadê? — palrou incessantemente enquanto perscrutava sua carteira. — Nããããoo!!! Sim, ele lembrou que havia esquecido sobre a bandeja, junto às notas fiscais, o ingresso que lhe garantiria o diploma eterno de vagabundo. E agora o telefone tocava mais uma vez: o que dizer para Marcelo? José caiu em lágrimas. — Marcelo... — gemeu José e travou em soluços. — O que foi, José!? — disse instigando-se. — Ganhamos!? — falou Marcelo contagiando-se com o choro do amigo. José não conseguia falar. Estava atônito! Por um instante sua vida era fácil, agora voltava a ser difícil, talvez mais difícil que antes: mais uma culpa monumental na sua história. As palavras dos dois lados da linha embargaram: José por tristeza, Marcelo de alegria. A calmaria ce

Dá um tempo! (parte 2)

Parte 1 Quando José chegou à casa, sua moral se encontrava num estado de apoplexia. Então por um átimo segundo, ele resolveu sentar-se e estudar para sanar seu cérebro carente do conteúdo programático de Hidráulica II. Em outras palavras: a culpa volátil por ter sido boêmio a semana de prova inteira enfim se fez presente. Viscosidade, pressão osmótica, telefone, brrriiimm! — Você viu? O vencedor é daqui! — Que vencedor? — Da Mega! E saíram 3 números, que eu me lembre, em que a gente apostou. Olhe o bilhete, pelo amor de Deus! — Tá certo. Espera — disse José enquanto vasculhava seus bolsos. — Não estou encontrando. Deixe eu procurar na bolsa. Eu te ligo daqui a pouco. Começou aí a peleja. Primeiro o Zé fuçou a bolsa, depois folheou o caderno, voltou aos bolsos, olhou embaixo da mesa, do sofá, da cama, dentro do guarda-roupa, na bolsa de novo, nos bolsos de novo, na cueca, dentro dos tênis, no escritório e quando estava a caminho da sala, mais uma vez o telefone toca. — Dig

Dá um tempo! (parte 1)

— 3,7! Este é o resultado com que você espera ser aprovado? — imprecou para si mesmo com o velho e inútil tom de automoralismo. — Não vou mais sair durante a semana — continuou blasfemando. José teve uma semana praticamente inteira para estudar para o exame de Cálculo III na faculdade, mas como era de costume resolveu protelar o estudo mais um pouquinho e despretensiosamente sair com os amigos para desestressar, ou dar uma cochiladinha para descansar, ou uns amassos em Jacqueline porque ninguém é de ferro. Sem contar com Jéssica para variar o cardápio e com Jennifer para não mudar de letra. “Triple Jay” se gabava dizendo aos amigos em outra saída durante a semana. O maioral. E o exame? “De próstata?” Como todo maioral que se preze, suas notas eram um lixo. O reflexo da satisfação da sua consciência estava ali cuspido em dois dígitos. Três vírgula sete. É melhor por extenso, pelo menos não soa tão miúdo. Devolveu a folha de papel higiênico usado ao professor e foi conversar com se

Mãozada.

Odeio acordar ou perder o foco de um sonho bom. Recordo até a vez que ouvi ao ver um filme, na casa de Clênio com o pessoal da agência, que se você puder olhar para as mãos durante o sonho, marca-se ali um ponto na sua memória que permite acessá-lo toda vez que você voltar a fitar o pulso. No filme também dizia sobre olhá-las viradas para cima e que dessa forma, e somente dessa forma — não emborcada — é que dava para erguer a base onírica. Acho que era isso, porque no meio do filme eu e Cilede estávamos conversando sobre uma coisa completamente adversa, supérflua. Só o Clênio mesmo para achar esses filmes abstrato-inside-cults legais. Clênio e o namorado. Aliás, o namorado dele também deu umas boas bocejadas que eu vi. Fato é: baboseira televisiva. Olhei as mãos de toda forma. Palmas para cima, unhas à mostra, de lado, inclinada... Atrelei-me tanto àqueles meus dez dedos que ao dar tino, havia esquecido do que se tratava o sonho. Contudo, lembrei-me de que minhas unhas estavam péssimas

Bom partido.

A diferença entre nós, palhaços, é que eu ganho dinheiro. É engraçado ver como brasileiro é empenhado no esportividade televisiva. Basta passar na TV e lá estão todos exibindo seus brasões amabilíssimos no único intuito do júbilo próprio, como se todos tivessem de engolir o incrível esforço de gritar na frente de um tubo de imagens. Na política não é diferente. A maioria dos tupiniquins faz alarde ao expressar em quem vai votar. Ou em quem não vai votar. E com o mesmo esmero dos torcedores para que todos engulam a opinião absoluta. Eu disse opinião? Quis dizer verdade. Talvez a única discrepância entre o buzinar pelas ruas da cidade quando seu time ganha o campeonato e o buzinar por essas mesmas ruas numa carreata é o sentido poético, humanitário e libertador. Sim: o futebol é, acima de tudo, arte. É o próprio espírito carnavalesco que baixa nos seus torcedores deixando-os endemoniadamente — e gratuitamente — felizes, completos... bêbados e vândalos. Brasil, carnaval, futebol. É

O novo convertido.

Encostou-se num carro estacionado sobre a calçada. Não havia nada para fazer naquela noite de domingo. Aliás, havia. Dúzias de pessoas o faziam ali diante dele, no outro lado da rua. Ministério Grão da Vida. De um banner verde-limão saltavam aquelas três palavras pretas que nomeavam o lugar. "Brasileiro burocratiza até o céu". Por instantes lembrou-se da sua mãe. Ela era daquelas obreiras que empurram a cabeça alheia, palra mensagens celestiais — ou seria só "qual é a palavra mesmo?" de uma conversa ordinária — e pula dizendo ser Deus passeando pela igreja. "Quanta pretensão", pensou. Enquanto isso, a missionária começou a discorrer sobre seu floreio preferido: o dia em que o assaltante dispensou-lhe o despojo. E que Deus a teria coberto pela armadura divina. E que a partir de segunda a igreja se uniria numa campanha de oração — "e dízimo" — para que o Rei dos Ministérios da Morosidade Administrativa lhes reparassem a petição. Um olhar o notou.

Copo d'água em tempestade.

O clima estava tenso no consultório, mas nem a terapeuta, nem seus fregueses o notariam. Talvez por hábito, talvez por ensejo, afinal, não se vai a psicólogos para compartilhar a primavera. Roberta e Roberto Praça procuravam mais uma vez a brandura na tempestade matrimonial. Pelo menos diziam procurar. E a outra moça da sala lá estava fazendo sua cara de terapeuta. Aquela cara de quem entende tudo e nada ao mesmo tempo. — Acredita, Vanusa, que ele sequer me dá bom dia quando acordo? — Minha mãe dizia que não se precisa dar bom dia àquele com quem se dorme. — Viu? Por que não se casou com sua mãe então? — Tá vendo? — Vendo o quê? Que sua mãe não soube lhe educar? — E vai ser você que vai? — Viu? Você precisa ler mais! — Não comece. Essa água já está na fossa, virou chorume. — Quanta amargura! Aposto que a sua fotografia da água teria chifres. — Virou para a psicóloga e continuou — Vanusa, ele está falando do livro que comecei a ler. De um cientista que afirma que a á

Todo garçom é psicólogo.

6 da manhã e o café automaticamente amargo estava na mesa. O cuscuz, os ovos, salsicha, pães e manteiga. 6h30m e ninguém, salvo seus filhos, foi comer. Seu marido correu da cama pro chuveiro, do chuveiro pra roupa e nem sequer abocanhou-lhe um pão ou bochecha. Estava atrasado. Seus filhos e emprego dependiam da sua corrida. Se não tivessem inventado de passar a noite em claro, talvez estivessem todos à mesa, como ela esperava, tendo prazeres estomacais. Passiva, a esposa assistia ao seu portão parindo toda sua família. Alguém lhe cumprimentara. Lambera-lhe, na verdade. Garçom. Odiou-se por isso. O único contato bucal foi a língua de um cachorro que, por ironia, tinha o nome de um subalterno. — Garçom! Muxoxava uma vizinha. Oi, Teresinha. — Oi, como está? — Tudo bem, graças a Deus! E você? — Tudo bem, graças a Deus! — Pois tá. Como estão todos? — Tudo bem, graças a Deus. Responder-lhe-ia a mesma frase se a mulher continuasse com o interrogatório mote do falatório matin