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Mostrando postagens de janeiro, 2014

Sim, você, nós dois...

E a tinta se estagnou ali. Borrada, esparramada sobre a tenaz e normativa claridão de uma folha vazia. Aquela tinta de espera e ao mesmo tempo desistência. Há mesmo tanto assim para aprender? Há mesmo tão pouco a se prender? No pulsar daquela tinta um oceano desembocou, trazendo consigo águas remotas de mares já antes navegados. O papel era transpassado pela tinta, lambuzado e impregnado pela extensão de um inofensivo, mas ainda catastrófico ponto. Aquela marca não era apenas um simples quadro abstratamente plurissignificante aos autores, ela era o inevitável. Era sangue a tinta. Era um sangue coagulado, explícito, transfundido, doído, difícil. Era sangue que corria da ponta da caneta ultrapassando o papel e manchando as outras folhas do que outrora fora escrito. E o pobre escritor – coitado – quando se vê ilhado de tinta, ao longe divisa uma luz no reto horizonte daquela obscura branquidão. E a luz lhe dizia: siga-me. Quedando-se assim à entrega. A admissão que já não havia ma