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Mostrando postagens de outubro, 2015

Arritmia.

Não sei como é, nem sei como seria, tampouco como será. Só sei como foi. E que foi bom. E que foi ruim. E foi tudo. Como eu e você: vítima e algoz, algoz e vítima, respectiva, inversa, reciprocamente. Eu faço mal a você, te incinero, te sugo, te exploro, te uso, te mato na unha e no fim te jogo fora. Você também faz o mesmo por mim, me envolve, me mal acostuma, me mima, me usa, me tira o fôlego, me apraz e no final me abandona. Completamos um ao outro com a ausência. Às vezes acho que procuramos meios para não encararmos tantos finais. Fingimos que esquecemos de lidar com a ideia que o meio passou e que já estamos pra lá da metade do caminho (seja lá quão longa essa estrada for). Eu numa ponta, você na outra. Em direções opostas do mesmo verbo: ora eu aspiro, ora você expira, ora eu expiro, ora você aspira. Mas algo nos une. Há algo, mais forte, muito mais forte que eu e você, que nos liga, nos obriga, cria entre nós uma relação mutualista, dualista, masoquista. Não sei até onde vai

Transição.

Vencer um grande medo é a sensação mais difícil e talvez mais prazerosa que se pode ter na vida. Vide, por exemplo, o medo da morte. Se pensássemos no que ganharíamos caso perdêssemos a vida, talvez não pensássemos tanto no que perderíamos caso ganhássemos o direito de chegar do outro lado. Encarar essa balança de riscos é sim o desafio mais estarrecedor que precisamos enfrentar. Atirar-se ao inesperado traz consigo maus presságios, inevitavelmente. Igualzinho à morte. Arriscar-se é tão doloroso assim, porque nos tira do conforto do previsível. Você não quer isso pra sua vida, no fundo, mas isso está sempre lá, constituindo cada átomo de sanidade e insanidade da sua existência. O onipresente prazer angustiante que o medo traz é excitante e, ao mesmo tempo, excruciante. É o medo que tentamos evitar, mas que sempre está lá. Em tudo. No que desejamos, no que sentimos, no que invejamos, no que queríamos, no que imaginamos, no que seria se... A projeção do futuro tem uma obrigação mor