
Com a maturidade batendo à porta, novas questões vão se estruturando. Problemas novos com velhas roupagens dramáticas ainda desfilam na passarela. Os holofotes só mudam de cor, mas a sensação – embora pensemos ser distintas – ainda continua sendo a mesma. A dor continua sendo dor. A lágrima continua aliviando. O que muda com a maturidade, talvez, seja a percepção. E é justamente essas novas percepções, essas novas maneiras de vermos a vida que nos levantam essas novas questões.
Eis que me deparo com uma situação completamente nova e, acredito, relevante em tempos de tanta reflexão. Questiono-me sobre até onde é necessário sermos pragmáticos com nossas vidas. Quão previsível nós ficamos? Ou quão instável nos tornaríamos sem o pragmatismo? Habita em mim um questionamento que de tão incômodo não consigo parar de lhe repetir, dedicando-lhe até um extenso período composto.
Cheguei a um ponto que me questiono sobre o valor e o preço da disciplina. Quanto vou gastar de vida perdida e sem graça para obter um prazer na hora predeterminada que nem sempre é oportuna? Dá para ser tão pragmático assim na vida? Seria a vida as entrelinhas? O meio tempo entre isso e aquilo planejado? A vida são as linhas da agenda sobre e sob as quais se pragmatiza a vida?
Seria essa a fórmula da felicidade? Empanturrar-se em atividades não reflexivas e esquecer-se de si, de seus valores, do que te faz feliz? Seria a felicidade um placebo? Eu não compro essa ideia! Felicidade é autêntica. A vida é autêntica! Paixões acontecem naturalmente. Não há razão no amor, porque quando há razão não há mais amor. O amor simplesmente acontece. Entra sem bater, faz morada e se esparrama dia após dia, feito posseiro.
Desculpe-me a inquietude, a inconstância. Perdoem-me as velhas desculpas. São as novas crises chegando, passando, atravessando, persistindo.
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