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Mostrando postagens de dezembro, 2011

É tudo e nada.

Ser radical? Será que isso é tudo (ou nada)? Ou o que voga é o meio-termo de uma vida mais ou menos? O que importa é viver ou ser vívido? Aliás, devemos viver pela razão ou ser fruto da emoção? Quer dizer, devemos? Devemos nos preocupar com a fronteira entre o pensar e o sentir? Eis o embate entre emoção e razão de que sempre me esquivo. Não quero me fechar, me enclausurar num comedimento traumático, nem me entrevar em cima de uma cadeira de mágoas. Afinal, não é porque vejo uma história se repetindo que ela vá ter o mesmo desfecho. Contudo, o problema é que ela se repete. Mal cogitamos um novo final e o previsível já está lá, prostrado, como um banquete sensacional, ao qual nossa dor da fome não pode recusar. É, leitor. É fácil falar. Assim como também é fácil ler, estudar, trabalhar... O difícil mesmo é sentir. E, sobretudo, esquecer de sentir. O sentimento independe da sabedoria. É como domesticar um ser selvagem. Onde já se viu: urbanizar o gato-do-mato!? O gato-do-mato

Prazeres e Dolores.

Acho que escritor deve ser a profissão mais difícil de que tenho conhecimento. E não me venham dizer que almejo com isso, olhos de piedade, afinal, não tenho anseio de ser dessa raça. Além do mais, há o fato de que o escritor tem que escrever e tudo o que mais procuro é justamente a leveza do não ter que , a liberdade. Quer coisa pior do que escrever sob pressão? Pois. E o escritor o faz! Alguns até, vertiginosamente. Vale frisar, entretanto, que escritores não seguem cartilhas. Não conheço manuais de "como escrever um livro" ou "como ser escritor". Tadinhos! Escrever, sob suas próprias leis, mandamentos expelidos de uma estética letrada, de uma coerência lógica ou, o pior de todos, de seu próprio inconsciente nebuloso deve ser massacrante. É como pescar o inédito do passado: incoerente, inútil, mas possível. Escritores: flagelos de si mesmos. Por falar em flagelo, me passa pela cabeça agora a imagem de uns asiáticos fanáticos que se automutilam em devoção a se

O impasse.

Se Deus existisse, Se o amor matasse, Se a flor não murchasse, Não haveria sequer Motivo de impasse. Se o caminho se esguia, Se a vida excrucia, Se fosse outro dia, Não saberia dizer O que é alegria. Porque infelizmente é dor O avesso do riso, E a estrada do horror É a que leva ao paraíso.

Entre o erro e o certo.

— A questão é que chega uma hora que você tem de optar entre o fácil e o certo. — Calma lá! Então, segundo o que você está me dizendo, o certo é o difícil? — Não necessariamente. — Explique-se. — Geralmente o que é mais difícil é também mais recompensador, portanto é o certo a fazer. — Ora! Você acha certo darmos uma volta ao mundo para chegar ao seu vizinho, por saber simplesmente que retroceder uns passos é o mais fácil a se fazer? — Não, mas pensando bem, é recompensador: eu conheceria o mundo! — E se houvesse urgência? Se fosse necessária sua presença imediata no seu vizinho? — Eu correria pela via mais curta. — Ou seja, a via mais fácil... — É... — Pois é... — ... — ... — Desculpa. — O perdão é a maneira certa, pois não é fácil. — Sinto muito, mas não posso compactuar com isso. Sendo assim, fumar é o certo para a vida? — Parar de fumar é o certo para o fumante. — Um mau professor é o certo para ensinar?