
Talvez ele começasse a entender que o mister da caminhada
não seja caminhar e sim, chegar. Ou talvez ele enfim descobrisse que na linha
de chegada fosse tudo do mesmo jeito como na linha de partida e o importante,
então, fosse o percurso percorrido: “os mais velhos dizem que de nada adiantam
consequências sem causas, enquanto os mais novos bradam que de nada adiantam
causas sem consequências”, pensava enquanto andava.
A cada nova baía, uma nova paisagem era descoberta, enquanto
o mar continuava sempre lá, secando e molhando, soltando e puxando, descendo e
enchendo, fazendo seu papel ora cruel, ora benévolo de consciência viva.
Enquanto andava, o andarilho não olhava pra trás e terminava
por se arrepender de não ter visto a linda paisagem pela qual passou. Por outro
lado, quando parava, ele se desesperava por querer sempre mais de outros
lugares, por saber que há muito mais a ser descoberto. Não era um destino específico
que ele queria alcançar, nem era a caminhada que lhe interessava. Era o desejo
de saciar sua sina de procurar por algo que não existe.
“O novo pode horrorizar ou fascinar. O velho, preocupar e
acolher.”
Ficando desse jeito num impasse insolúvel até que a onda
tornava a limpar seus pés cheios de areia da praia.
"o desejo de saciar sua sina de procurar por algo que não existe" ... tenho muito disto ...
ResponderExcluirnão quero comentar o texto. quero só falar que já estou com saudade.
ResponderExcluir