Você é o nome do gato do vizinho. E desse condomínio, o único gato é ele. Talvez no quarteirão, talvez no bairro existam outros, mas só Você mia na minha varanda, logo só há Você. Você nunca me incomodou. Ele é, apesar de só ouvi-lo, de poucos miados. Conhecedor ou não, Você me dá certa confiança a qual nenhum outro gato me dera. Sabe um fungo que nasce do nada? São assim meus sentimentos por Você — tal como ele apareceu: instantâneo, dengoso, derradeiro. Minha alergia aos seus muitos pêlos foi contornada pelo seu ronrom suave — não me pergunte como. Dono de vários lares, Você era nômade corporal, mas um exímio sedentário cardíaco. Você tinha tudo para ser apenas mais um gato, entretanto, com Você era tudo incrivelmente diferente. Era... Pobre Você! Caiu do sétimo andar. Pensei que ele também soubesse voar. Você não teve culpa, muito menos eu! A culpa é dos engenheiros, dos pais de Você, do vizinho ou de todos. O que Você diria? Acho que ele sabia o que fazia... Balela! Mania fei...