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Textão.


Vivo na brevidade do fim dos tempos. Na iminência de que o mundo desapareça numa notícia-bomba. Explodo na efervescência dos zapes e implodo no avesso das pazes. Vivo no meio do meu último nome!

Busco calma no alvoroço desconexo do meu pensar. Pelo menos tento. Porque meu pensar, coitado!, vive não se sabe onde. Tão volúvel, tão instável, tão ingênuo e, por isso, tão doente... Queria ter algo legal para pensar: algo extasiante. Mas a brevidade do fim dos tempos assola qualquer ideia.

Só sinto pânico e ansiedade pela necessidade de querer fazer tudo que me falta fazer já que os tempos estão acabando. Nada de bombas-relógio, todos os relógios é que viraram bombas!

Dividir bons momentos agora é compartilhar, é número, é estatística. Tudo se tornou Instantaneamente-gram! É uma obrigação. O social se separou da sociedade e vivemos como se fosse The Sims (ou seria The Nãos?), sem remelas ao acordar, com respostas padronizadas (mas com estilísticas distintas), com éticas padronizadas (mas com apelo diferenciado). Tá tudo lá no virtual, na nuvem. É só dar um Google que você acha.

O combate à hipocrisia só começa a existir quando você admite que também é hipócrita. Do papa à mamãe, ninguém escapa a hipocrisia (em algum nível). Falo isso porque aparentemente, nas redes “sociais”, educar tornou-se um exercício de empáfia, onde o professor não tem mais nada para escutar – só apontar o dedo e ditar a matéria de uma opinião indiscutível. O educar se dis-socio-u do aprender.

Os seres ditos sociais estão tão aficcionados em si e em suas próprias opiniões e gostos que mergulham profundamente no próprio ego e sufocam qualquer espécie de relação com o próximo – porque ele obviamente vai ser diferente de você. “Tenho 3000 amigos!”

Vivo na brevidade do fim dos tempos onde não se troca mais nada, só likes (ou nudes).

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