Eu queria ter menos segredos pra contar, menos receios guardados, menos interesses contidos. Eu queria não ter medo de voar, disse a cobra.
Eu lembro que quando era pequeno tinha um sonho rotineiro de voar. E cair. Sempre o mesmo sonho: voar e no meio do voo, perder minhas forças, meus super-poderes e despencar em queda livre. Isso me apavorava! Fazia-me perder a paz, tremelicando sobre o meu travesseiro suado a chorar até que o cansaço opioide das lágrimas me vencesse. Ficava a pensar na decepção, na vergonha e na impotência que é ser incapaz de voar no meu próprio sonho. Doce é a infância onde nossos principais medos são os sonhos.
Às vezes quando eu me admiro por algo, sinto empatia por essa admiração. E eu não me orgulho disso, nem tenho ojeriza. Confesso que a única coisa que sinto é medo. Um medo social, um medo velado, que é o medo de explodir, de evitar o inevitável e meus segredos, meus dramas, minhas palavras, meus nãos, meus sins viessem todos à tona de uma vez. Meu eu no centro da arena, exposto aos leões da ética, moral, “respeito” e bom senso.
Talvez por isso sinto-me atraído pela fantasia de viver em minha própria mente. Não consigo ver uma coisa, gostar dela e não a querer para mim. Chamo-me de invejoso por isso, alcunho em mim as mais deletérias palavras a fim de reprimir esse ser tão abjeto com quem convivo! A ponto de humilhá-lo cada vez mais, ao prosseguir destas palavras. Ao ponto de fazer-lhe crer que seu único lugar de direito é o túmulo. Ou nem tudo isso, afinal, é poética demais a morte. Ele merecia rastejar eternamente pela inexistência.
Mas, mesmo assim, sem poder voar e expor meus segredos, me visto de medo. De medo de ser morto, preso ou coisas assim... Lembrei do pecado original que eu não posso cometer, muito embora minha essência seja de querer o contrário. Sim, se é assim secionado e sancionado a sequela do senso social, somos só isso e a sós seremos sempre o enguiço.
Às vezes quando eu me admiro por algo, sinto empatia por essa admiração. E eu não me orgulho disso, nem tenho ojeriza. Confesso que a única coisa que sinto é medo. Um medo social, um medo velado, que é o medo de explodir, de evitar o inevitável e meus segredos, meus dramas, minhas palavras, meus nãos, meus sins viessem todos à tona de uma vez. Meu eu no centro da arena, exposto aos leões da ética, moral, “respeito” e bom senso.
Talvez por isso sinto-me atraído pela fantasia de viver em minha própria mente. Não consigo ver uma coisa, gostar dela e não a querer para mim. Chamo-me de invejoso por isso, alcunho em mim as mais deletérias palavras a fim de reprimir esse ser tão abjeto com quem convivo! A ponto de humilhá-lo cada vez mais, ao prosseguir destas palavras. Ao ponto de fazer-lhe crer que seu único lugar de direito é o túmulo. Ou nem tudo isso, afinal, é poética demais a morte. Ele merecia rastejar eternamente pela inexistência.
Mas, mesmo assim, sem poder voar e expor meus segredos, me visto de medo. De medo de ser morto, preso ou coisas assim... Lembrei do pecado original que eu não posso cometer, muito embora minha essência seja de querer o contrário. Sim, se é assim secionado e sancionado a sequela do senso social, somos só isso e a sós seremos sempre o enguiço.
Algumas palavras é preciso nem serem ditas, por isso, as guardo pra mim, por isso tantos segredos, tantos receios, tantos interesses contidos, tanta ânsia de voar, sussurrou a cobra.
Perplexo! Vc se superou em seus escritos ... Aplaudindo de pé!
ResponderExcluirolha, cuidado com coisas não ditas que elas explodem.
ResponderExcluire concordo com o Bratz, este foi seu melhor texto.
texto excelente, tantas emoções em poucas linhas! devia escrever mais!
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