E a tinta se estagnou ali. Borrada, esparramada sobre a tenaz e normativa claridão de uma folha vazia. Aquela tinta de espera e ao mesmo tempo desistência. Há mesmo tanto assim para aprender? Há mesmo tão pouco a se prender?
No pulsar daquela tinta um oceano desembocou, trazendo consigo águas remotas de mares já antes navegados. O papel era transpassado pela tinta, lambuzado e impregnado pela extensão de um inofensivo, mas ainda catastrófico ponto.
Aquela marca não era apenas um simples quadro abstratamente plurissignificante aos autores, ela era o inevitável. Era sangue a tinta. Era um sangue coagulado, explícito, transfundido, doído, difícil. Era sangue que corria da ponta da caneta ultrapassando o papel e manchando as outras folhas do que outrora fora escrito.
E o pobre escritor – coitado – quando se vê ilhado de tinta, ao longe divisa uma luz no reto horizonte daquela obscura branquidão. E a luz lhe dizia: siga-me. Quedando-se assim à entrega. A admissão que já não havia mais motivos de não se desprender do chão, atirando-se impiedosamente à correnteza. Esta o levaria a algum lugar. E este lugar, este nome, este motivo, este desejo era finalmente algo que no fim se alcunhou arte.
No pulsar daquela tinta um oceano desembocou, trazendo consigo águas remotas de mares já antes navegados. O papel era transpassado pela tinta, lambuzado e impregnado pela extensão de um inofensivo, mas ainda catastrófico ponto.
Aquela marca não era apenas um simples quadro abstratamente plurissignificante aos autores, ela era o inevitável. Era sangue a tinta. Era um sangue coagulado, explícito, transfundido, doído, difícil. Era sangue que corria da ponta da caneta ultrapassando o papel e manchando as outras folhas do que outrora fora escrito.
E o pobre escritor – coitado – quando se vê ilhado de tinta, ao longe divisa uma luz no reto horizonte daquela obscura branquidão. E a luz lhe dizia: siga-me. Quedando-se assim à entrega. A admissão que já não havia mais motivos de não se desprender do chão, atirando-se impiedosamente à correnteza. Esta o levaria a algum lugar. E este lugar, este nome, este motivo, este desejo era finalmente algo que no fim se alcunhou arte.
nossa! senti
ResponderExcluirlirismo puro!
ResponderExcluirlindo mesmo...
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