Pular para o conteúdo principal

Confusa.

Pensei em escrever algo enquanto minha amiga não chegava à minha casa. Eu a chamei porque me sinto fraca. Estranha, na verdade. Nunca senti isso antes: uma sensação tão confusa que não consigo chorar ou rir, sentir fome ou vomitar. Odeio esses dias. E eles estão ficando recorrentes. Me sinto uma estranha dentro de mim. Mas até que dizer essas palavras ajudam. Desculpe a desconexão desse texto, só sei pensar assim. Agora crio uma gata. Ainda não sei o nome que vou dar. Ela é linda! Tá brincando nesse momento com um pano de chão. Ela tem me feito bem, apesar das fezes podres. Eu durmo com ela na cama mesmo. Ela é carinhosa e se não for, vou fazê-la ser. Odeio isso em mim: forçar os outros. Por um instante vejo-me como um alguém que conheço: minha gata. O gato ronrona no seu pé pra pedir. E ele enjoa. Gosto dela. Ela se parece comigo. Eu sou tão complicada, né? Tão egoísta. Ajo sem pensar nos outros. Mas é que se eu pensar nos outros antes de agir, não me sinto honesta nem com os outros – por não ser espontânea com eles – nem comigo – por não fazer o que quero. Acho que estou transferindo a minha carência pra ela. Ela usa uma colônia Johnson, a verde. Uma outra amiga disse que não gostava da verde. A primeira vez que comprei, tinha experimentado a verde e foi a que mais tinha gostado. Mas levei a azul, porque me lembrei que essa amiga não gostava da verde. Outra vez, comprei a verde. E ela adorou! Disse que tinha se confundido e que a verde era uma delícia. Eu vivo me queimando com o cigarro. Nunca fumo um cigarro inteiro, sempre apago na metade. Não aguento. Não aguento ter que dar um fim. Prefiro que outro dê ou que eu o mate quando estiver debilitado, pedindo pra morrer, pela metade, só, fora da caixa, no cinzeiro sujo. Piedade é melhor que impiedade? No fim, o cigarro morre de todo jeito. Ando escutando muito uma música: Seozé de Carlinhos Brown. Só conheci graças a uma participação de Marisa Monte. Essa música dá título a um dos melhores discos dela: verde, anil, amarelo, cor-de-rosa e carvão. Neste CD tem uma música de Arnaldo: Bem Leve. As letras dele são tão característica, né? Já fui a dois shows dele este ano: o primeiro, fui com Gagá e o segundo fui com os mesmos amigos que foram comigo pro primeiro. Nota a importância que dou às pessoas? Na verdade não é importância, é enfoque. Ando muito focada num passado agoniante. Bem resolvido? Sim. Então por que a agonia? Minha amiga ta chegando. Tchau.

Comentários

  1. Seu Bob, seu amigo Foquinho fez a maior propaganda! O povo ficou louco de curiosidade. :-)

    ResponderExcluir
  2. Aqui cheguei a partir do Foxx ... q coisa boa poder ler isto de cara ... uma viagem e tanto ... vou ver o resto com calma ...

    bjão

    ResponderExcluir
  3. ...passagem foxx (2.
    São tantas coisas, mas fico com a carência, que mesmo enjoadinha, é fofa!
    O nome? Tenho sérias dúvidas com nomes...
    A individualidade... complexa, passo...
    O cigarro, definitivamente o último trago, sempre dói.
    Bjoo!
    Foi um prazer passear por suas palavras, misterioso Bob!
    ;p
    #inté!

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Tá.

Seu corpo tem a chave dos meus desejos. Seu beijo: língua na minha libido. Peito cheio de aspirações: que também me pira e inspira. Seu jeito, sua voz, seus segredos, seus sussurros, suas taras: tudo. Sem medos ou grilos de mim. Silêncio corrompido pelo seu gemido. Tudo agora tem sentidos: vai e vem. Sua carne boa, sem nervos, no ponto, suculenta. Obrigado, mas sem brigar comigo. Leve levo a sua cintura – que me aprisiona como um bambolê. Seu ciúme: minha alforria. Você talvez não saiba, mas eu sei onde você sente. Afinal, como você vai embora, algo fica pra sempre pra trás. Aliás, você não vai mais embora. Você virou minha pintura, quadro vivo na minha memória. Queria saber desenhar... mas pra quê? Se eu posso escrever sem pontuações as mais diversas versões de como você tá suas FR /sɥa/ verb second-person singular past historic of suer suer -uːə(ɹ) UK US noun Someone who sues; a suitor. suer FR /sɥe/ verb to sweat ...

Na cigarreira.

O vício sempre parece uma boa opção em algum momento. A gente nunca consegue ser invicto contra ele. Parece que ele, o vício, é a única solução que nos aceita e nos é impossível renegá-lo para sempre. A vontade contumaz fica lá, urdindo pela sua recaída, até que ela vence dessa vez (mais uma vez). Resiliência silenciada na calada da noite das respostas que tive que inventar. Aquele silêncio do estalar da pólvora pra retomar o fôlego. Sempre recaímos. Em uma hora ou outra inevitavelmente tropeçamos. É ilógico pensar que não recairíamos. Não é um Lucky Strike (golpe de sorte), sabemos disso. Mas continuamos jogando, afinal um gol contra os sete que já marcamos não nos fará perder a partida. Dois cigarros: um pra mim, um pra meu amor-próprio. Eu e ele tragamos, transamos e trazemos novos paradoxos pro velho cinzeiro. As cinzas dos pensamentos renascendo como fênix e morrendo – como fênix. Dois cigarros: um pra morte e outro pra vida. Medo e desejo brincando na corda bamba da distância. U...

Caminhos

Ainda me pergunto onde é a fronteira entre raiva e tristeza. Heranças da relação, promessas inescapavelmente fugitivas, mais um crime sem solução… Vários são os caminhos dessa longa estrada. Como as visões distorcidas da vida após a morte. Afinal, zumbis só se alimentam no imaginário. Mas o que é viver senão um passeio no mundo dos pensamentos? Viajo por entre memórias e projeções. Percebo o óbvio: só tenho esse presente. Uma bússola estática me navega desde o Norte até este Janeiro. Ela me aponta raivas e tristezas. Não somente as que vivi, mas sobretudo as que com prazer compartilhei. Eu me esforço muito para discernir quais sentidos — raiva ou tristeza — eu devo ou posso seguir. Entro na contramão de vez em quando. Atalhos da vida linear. Mudo de marcha e meu câmbio sempre me impulsiona ao exterior. Belos horizontes despontam novas experiências. Não só excrucia ou extermina o melhor de mim, mas também excita e exercita. Percebo o que a estrada sempre quis mostrar: o caminho a frente...