Vim hoje aqui tentar interceder pelo meu cliente em prova de sua inocência. Eu sei que este já é o último apelo que eu posso fazer e quase tudo alega para que meu cliente seja realmente condenado. Sei que todas as evidências apontam para a sua culpabilidade. Sei que ele cometeu o delito e que provavelmente, ele poderá apodrecer na cadeia. Eu vim de casa determinado a desistir de tudo – de repetir o discurso de ontem, com outras palavras só para passar o tempo da defesa. Contudo, nesses últimos instantes, um argumento desesperado, mas nem por isso insignificante me veio à mente. E ele se refere à muito distante, porém concreta, relação que a Senhora tem com meu cliente e comigo. Peço, de antemão, que escute a toda a minha sequência de pensamentos sem interrupções, para que então depois eu possa responder a quaisquer eventuais questionamentos da acusação. Ei-la: Conforme foi provado, pela gravação, meu cliente cometeu sim esse crime: está tudo lá. Entretanto, dentre todas as pro...