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Mostrando postagens de 2024

Luto

Luto pra não me entregar. Luto por não haver mais nada. Luto pra esquecer. Luto por lembrar. Luto por ter me perdido. Luto pra me reencontrar. Luto cansado, desgastado, repetidamente em frangalhos. Luto por palavras doces dissolutas. Luto por dores amargas e resolutas. Luto pela batalha perdida. Luto pelo sal na ferida. E ainda assim, luto. Luto para me apegar às coisas ruins – mas é pelas boas que o luto se justifica. Luto pra achar uma ilha onde eu já vivi. Luto contra a correnteza, contra a gravidade sufocante e convidativa do fundo. Luto para segurar o leme, para manter o rumo e aprumar as velas. Luto pra não acender uma vela. Luto por conter a chama. E, sobretudo, luto para manter o verbo e afogar o substantivo.

Rio pra não chorar.

 O Cristo me rendeu. Quedei-me ajoelhado diante do seu esplendor. Nessa cidade, me mudei. A necessidade me mudou. O coração tenta se desligar e ligar em cada batida. A rua pulsa, vibra e pisca. Nada é tão fácil. Nada é tão difícil. Nadar é que é necessário. Contra correntes ou a favor delas. Estou achado de amor! Voltei pra mim. Saudade grande. Aposto na Sena que ninguém me entende cristalinamente. Aceno. Dei vinho ao meu desejo e ele não me deu ressaca. Acho que sei beber. Um mar de ressaca invadiu a praia. Loucura normal. O medo... Ah, o medo! Seria um bicho? Seria um monstro? Sujeitos ocultos cada vez menos ocultos: eu, ele, você. Nós rezamos a mesma oração. As verdades, as mentiras. As cores e as trapaças: as flores e a desgraça. Só as rosas são sinceras.

Typo assim

Eu me afoguei em lágrimas que nunca chorei. E bebi da água que sempre evitei. Um Rio inunda minha cabeça. Mil igarapés me aconselham: vozes difusas me apontam decisões difíceis. Um jogo, uma competição, tudo se diz puta! Só eu e meus escritos me dão prazer. Um reencontro talvez me afague – e eu não me afogue na banalidade do ser. Eu tenho medo de não dar conta. Eu tenho medo da minha conta. Eu tenho medo de ser refém da minha conta. O medo me dá muitos presentes, mas está na hora de eu os negar! Tudo agora é uma obrigação: falsa liberdade. Você é obrigado a tudo: do respiro ao suspiro, de manter a paz, de evitar os Guerras. Os Dias não têm culpa de nada. Eles sim são presentes. Procuro dois pra lá e dois pra cá. Modelos, hoje, me nauseiam. Tenho medo de baleias, mas amaria sê-las – te entendo, Letícia. E admiro muito o seu trabalho. Toc, toc... Quem é? Sou eu. Vim aqui para lembrar você daquela sensação. Do toque suave do sol na pele nua. A entrega nunca antes vista na rua. A falta de